DISEASE AMONG US - PLAYLIST

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Disease Among Us S8 #8

 Season 8, Episode 8: Reencontro

Anthony Clark levantou-se, bocejou, e saiu da cama. Caminhando até o porta-chapéus, estava quase alcançando o seu quando ouviu uma voz familiar do outro lado da porta.
O quarto fornecido para ele no Posto Avançado não era de todo ruim. Confortável. Seguro. Queria estar de volta com o grupo, mas aquilo não era tortura. Quando pudesse falar com Chuck Reid - Por mais que isso o desagradasse - ele sabia que podia fazer um trato. Criar uma aliança. De volta ao quarto, ele só via outro problema; As paredes finas, que faziam com que ele escutasse toda a barulheira de fora.
Abriu a porta, deparando-se com as cabines que antes vendiam bilhetes para os passageiros do trem. O velho telefone improvisado da parede tocou, e ele quase atendeu, quando Rails saiu do quarto ao seu lado e apanhou o aparelho.
"Aqui é o Rails." Disse o velho, grogue. Ele parou subitamente, parecendo congelar.
"O Campeão está vindo pra cá?"
O coração de Anthony se encheu de esperança com essas palavras.
"Sim, claro. Está tudo nos conformes aqui. Vou preparar o pessoal pra recebê-lo." Disse Rails para o telefone. "Como disse? Ah, sim. Sim, vou falar com ele."
Rails lançou um olhar rápido para Anthony, que agora ajeitava na cabeça o chapéu. Passar o dia caçando com Nicolas o tinha deixado exausto - Ele resolveu tirar uma soneca a uma hora.
Eram três agora. Ele grunhiu de desapontamento enquanto Rails colocava o telefone no gancho e se aproximava.
"O Campeão vem falar com você hoje."
Anthony levantou uma sobrancelha, inquisitivo.
"Chuck vem falar comigo?"
"O Campeão, rapaz." Corrigiu Rails, como quem implora que o termo correto fosse usado. "Refira-se a ele como Campeão."
"Não tenho medo dele. Posso discutir os termos de uma aliança entre os Salvadores e o meu pessoal." Disse Anthony, contente. Rails sacudiu a cabeça.
"Rapaz, apenas... Apenas responda as perguntas dele. Se você pedir, talvez... Talvez ele pense no assunto. É tudo que posso dizer. Pelo amor de Deus, não o enfureça."
"Não tenho medo dele, Rails. Muito menos da morte."
"Não fale besteira. Todo mundo tem medo da morte, Anthony. Do desconhecido." Suspirou o velho, virando-se para a porta. "Vamos esperar ele na entrada."
A dupla caminhou até a entrada do posto, parando frente aos antigos trilhos. Os poucos Walkers caminhando à distância logo foram derrubados pelo guarda no topo da estação assim que se aproximaram demais. Anthony notou que estavam cada vez mais apodrecidos... Talvez em breve sumissem de vez.
"Como é que ele é?" Questionou Clark. Rails olhou de volta para ele.
"O que quer dizer? Você já viu ele."
"Personalidade. Eu só vi o maluco matar meus amigos e bater no meu irmão."
"Se tiver sorte, jamais falará com ele. Se for muito sortudo mesmo, talvez caia em suas boas graças." Disse Rails, com um sorriso leve. "Ou sortudo ou útil. Eu fui útil. E fui recompensado."
"Com o comando da estação?"
"Eu já comandava a estação. O presente que o Campeão me deu, você não entenderia." O velho cruzou os braços. "Não quer dizer que concordo com tudo que ele faz. Mas eu e estes homens estamos seguros aqui, e se ele fornece essa segurança, não tenho nada contra abaixar a cabeça e fazer o que ele diz."
"Estávamos seguros em Wiltshire Estates. Não éramos forçados a pagar por essa segurança."
"Nenhum lugar é perfeito, Anthony. Você tinha que seguir ordens do mesmo jeito. É o único jeito de ter uma sociedade que pode se proteger." Explicou Rails, sentando contra um dos bancos para escapar do Sol. "A questão é que existem formas diferentes de regular as pessoas. Os Salvadores têm o jeito deles."
"Mas o jeito deles está errado." Argumentou o rapaz. Rails sacudiu a cabeça.
"Se está dando errado, porquê eles têm armas, comida, geradores e abrigo?" Respondeu. "Seu grupo tinha essas coisas sem esses métodos porque era pequeno. Todos ali podiam lutar e se defender. Aqui, não. Temos famílias, pessoas doentes. Precisamos de alguém para defender essas pessoas - Não podemos esperar que peguem armas por si próprias."
Anthony ponderou por alguns segundos. Seria impossível derrotar os Salvadores - Se não conseguisse convencer Chuck, Wiltshire Estates talvez debandasse para fugir do tributo. Toda a jornada seria em vão... Mas, por outro lado, ele não podia aceitar que aquele jeito de fazer as coisas fosse o correto.
Estava prestes a contra-argumentar quando ouviu o portão abrir.
"Nada para a ferrovia." Disse Rails, uma risadinha acompanhada de tosse escapando de seus lábios.
Anthony vidrou os olhos na locomotiva que se aproximava, espalhando vapor. Os trilhos improvisados uniram-se aos originais da ex-estação, e o trem virou enquanto suas rodas rodavam vigorosamente. Subitamente, as hastes de metal guincharam e Anthony viu faíscas rasgarem o metal dos trilhos enquanto o trem parava.

Dentro da locomotiva, o maquinista limpou a jaqueta e virou-se para seus passageiros.
"Chegamos!" Gritou, e sua voz ecoou pelo trem. Os containers atuando como vagões se abriram quando um homem musculoso empurrou a porta feita de sucata, e de dentro saíram os novos guardas do posto avançado, sacudindo a cabeça e sorrindo para os que agora embarcavam.
Carl tinha que admitir - Um trem funcional que ligava os postos dos Salvadores era algo que ele não tinha imaginado.
"Acorde, Carl. Esta é a nossa parada."
Tirado de sua mente pela detestável voz do líder dos Salvadores, Carl levantou-se do "banco" dentro do "vagão". Chuck deu-lhe um sorriso debochado enquanto gentilmente empurrava o rapaz até a saída do vagão.
O toque de madeira em suas costas lembrou-lhe de Katey, o bastão que tinha esmagado Marcus. O bastardo o tinha trazido, provavelmente para intimidá-lo. Estava funcionando. Carl pisou para fora do trem e logo percebeu o amigo de pé ao lado de um velho.
"Carl!" Disse Anthony, afastando-se de Rails e aproximando-se.
"Tony!" Respondeu Grimes, indo em sua direção, até que o bastão de beisebol bloqueou seu caminho.
Anthony e Carl congelaram, seus olhares voltando-se para Chuck.
"Rails, seu velho fedido, venha aqui!" Disse, rosnando. Rails aproximou-se, mantendo a melhor calma que pôde... E levou aquele abraço do Campeão, que durou alguns segundos. "Ah, meu irmão do coração! Sabe, se você tivesse uma xereca, eu seria capaz de foder você."
"É bom revê-lo, Campeão." Disse Rails, sem graça. "Espero que as condições da estação estejam ao seu gosto."
"Sim, sim, gostei da nova pintura. Vamos entrar e bater um papo - Nós quatro. Aliás... Isso é uma pintura nova ou você trocou a madeira?" Ele gesticulou para uma das paredes, onde um dos guardas recém-chegados baixava as calças para se aliviar, incapaz de conter-se após a viagem de trem.
Rails estava a ponto de protestar quando Chuck mandou-lhe fazer silêncio, subindo para a plataforma casualmente. Assobiando enquanto andava em meio ás ondas de passageiros desembarcados, ele aproximou-se do mijão por trás, balançou o taco como quem joga golfe, e acertou-lhe na nuca.
Os olhos de Carl se encheram de horror quando o homem nem teve tempo de gritar. Batendo contra o arame farpado de Katey e a parede ao mesmo tempo, ele só teve tempo de grunhir alguma coisa antes que sua mandíbula fincasse dentro da madeira, o pescoço cedendo sobre o peso do golpe. Como se alguém tivesse atirado um ovo cheio de sangue e cérebro contra a parede, seu corpo escorregou lentamente para longe da meleca que tinha sido a cabeça, ainda espalhando xixi pela madeira.
"Você sabe porquê ele morreu, Carl?" Perguntou Chuck, virando-se para o rapaz, ainda perplexo, junto a Rails e Anthony. Os outros Salvadores também o olhavam, esperando.
"Porque... Porque ele te desrespeitou?"
Chuck riu.
"Não... Foi porquê ele pensou que era mais engraçado que eu."

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Disease Among Us S8 #7

 Season 8, Episode 7: Papo cabeça

Sem o longo casaco, ele nem parecia a mesma pessoa. Talvez devesse ter se livrado daquela casca há algum tempo... Sentia-se mais livre ali. Hacktivista, vigilante... Se o mundo não tivesse virado de cabeça pra baixo, onde estaria agora?
"PRA FRENTE, PANTHERS!", gritava a camisa surrada com o símbolo do time. Aiden a tinha encontrado numa das casas desocupadas de Wiltshire Estates após a horda... Era uma das poucas coisas que haviam sobrado depois dos Salvadores pegarem seu imposto.
Aiden deixou o velho boné em casa, junto ao casaco. Apanhou o machado apoiado na porta e saiu, caminhando em direção ao pequeno bosque a alguns minutos de casa. O Sol estava alto.
Quando estava perto o bastante, ele escolheu seu alvo; Um velho carvalho. Estava perdendo folhas, a vida se esvaindo lentamente. Era a melhor hora para tirá-lo dali antes que caísse em alguém.
Ele olhou para trás. Para Wiltshire Estates, para casa... Tinha saído por um dos túneis de emergência. Não queria que Dwight ou Zack o percebessem. Podiam tentar tirar o machado também.
Aiden levantou a lâmina e acertou o tronco. As lascas voaram para todos os lados, acompanhados do som de madeira balançando. Dando um passo para trás, ele preparou outra machadada. Divertia-se imaginando Chuck acorrentado ao tronco, chorando como um bebê e pedindo desculpas. E ele acertaria seu pé com o machado, cortaria-lhe a perna. Voltaria dia após dia, sempre pensando em Marcus e Alaska e Anthony. E a cada dia cortaria mais um pedacinho do Campeão, até o dia em que não sobrasse mais nada.
Devia ter feito muito barulho. Ele ouviu passos lentos de dentro do bosque e suspirou.
O primeiro errante era fresco. Devia ter sobrevivido por muito tempo, mas não conseguiu. Sangue pingava do nariz, os olhos mortos focados nele. Usava uma camisa xadrez cheia de rasgos e arranhões, e Aiden percebeu o buraco de bala na altura do peito.
"Se quiser desistir, atire na cabeça. Não precisamos de mais problemas." Sugeriu o hacker, e o Walker grunhiu em resposta.
Seu companheiro surgiu do outro lado do carvalho semi-cortado. Esse era grandão. Inchado e barbudo, devia ter passado um bom tempo em algum lago, fermentando.
Pearce esperou que a dupla se aproximasse mais antes de atacar. O machado acertou o gordalhão no centro do crânio, fazendo com que seu cérebro viajasse em cinco direções diferentes. Ele cambaleou no chão, morto, e Aiden grunhiu, arrancando a lâmina do corpo.
O outro errante estava perto agora. Tentou uma investida, atirando-se no chão para morder seu pé. Aiden aplicou-lhe um chute na boca, mas esse ainda era forte - Ele conseguiu empurrá-lo ao chão. Infelizmente, também conseguiu que o machado lhe atingisse os ombros, o braço deslizando num rio de sangue.
O recém-amputado mordeu o ar, tentando alcançar Aiden enquanto este se levantava rapidamente. Antes que o zumbi pudesse processar os acontecimentos, o machado desceu para encontrar sua nuca.
Pearce afastou-se dos dois corpos, arrastando o machado na grama para limpar os restos de carne podre. Com a área segura, aproximou-se da árvore para terminar o serviço.
O carvalho tombou entre os dois cadáveres. Aiden limpou o suor da testa, examinando o tronco... E parou no meio.
WINSTON E JULIE
O coração tinha sido talhado por canivete, mas estava velho... Talvez fosse até mesmo anterior ao apocalipse. Por algum motivo, Aiden sorriu. Aquilo era uma lembrança de tempos mais felizes... Uma juventude mais livre. Um futuro que Carl e Anthony deveriam ter tido e aproveitado.
"Sinto muito." Disse ele, mais para si mesmo do que para a marca no carvalho. Levantou o machado para cortar a lenha.
"Aiden!" Exclamou Mellanie, surgindo de um dos túneis. Ele deixou o machado cair perigosamente próximo a um dos pés.
"Grite mais alto. Acho que todos os mortos do estado não ouviram." Ele brigou. Mellanie fez cara feia e aproximou-se dele.
"Da próxima vez, amarre também um bife nas costas, seu irresponsável. Use o portão como tudo mundo!"
"Não com Debi e Lóide brincando de Gestapo." Ele sacudiu a cabeça.
"Escute, detesto os Salvadores tanto quanto você." Explicou Mellanie. "Mas precisamos abaixar a cabeça. Pelo menos por enquanto. Se tentarmos resistir agora, eles matam todo mundo e tomam a cidade."
Aiden suspirou, mas sabia que a ruiva estava certa. Apoiou o machado nos ombros.
"Desculpa. Mas precisávamos de lenha."
"Eu sei. O Carl está com você?"
Aiden levantou uma sobrancelha. "Não? Ele foi jogar bola."
"Ele não está na quadra."
Aiden disse um "merda" baixinho.
"Jock não abriu o portão pra ele, antes que pergunte." Ela disse. "Dan acha que os Salvadores..."
"O que é que os Salvadores iam querer com uma criança?"
"Aiden, você viu o que eles fizeram com uma mulher grávida. O que acha que vão fazer com uma criança?" Mellanie disse, agitada. Pearce entendeu, fincou o machado no tronco, e seguiu a ruiva para dentro do túnel.
Ou até a entrada dele, pois Mellanie parou subitamente. A flecha mirava sua cabeça, ainda na crossbow, quando Dwight subiu.
"Ora, ora, ora." Disse ele. "O que é que temos aqui?"
Mellanie e Aiden trocaram olhares. O sorriso de Dwight cresceu. 

Carl tinha permanecido quieto durante um bom tempo. Chuck o observava pacientemente, sentado na poltrona oposta ao rapaz.
Mas a paciência do Campeão tinha limite. Ele se levantou, e Carl soube naquele momento que morreria.
Porém, o líder dos Salvadores apenas deu a volta e prostrou-se atrás dele, cutucando suas costas.
"Que botão que aperta?" Perguntou Chuck, zombeteiro. "Tem que colocar moeda? Como que faz pra você falar, garoto?"
"Não encosta em mim."
Carl apertou os dentes quando sentiu a dor que veio em seguida. Chuck apertou, com força, o tríceps do rapaz, enviando dor a todos os nervos de seu corpo. Ele grunhiu, tentou se debater, mas a dor era profunda.
Chuck soltou o beliscão e riu alto, sentando na mesa em frente a Carl. "Encostei. Vai fazer o quê?"
Carl respirou fundo, mas continuou calado. Estava lá para achar Anthony - Não ia falar nada para ajudar os Salvadores.
"Escuta, garoto, sei que você não gosta muito da gente..." Disse Chuck, seriedade surgindo em seu rosto. "Mas tem que entender que as coisas que eu faço, faço pra proteger o meu pessoal. Vai dizer que não é assim com você?"
"A gente não mata criança, não extorque comunidades nem bota fogo em quem fala mal da gente." Rugiu Carl.
"Cê acha que eu gosto de fazer essas coisas?" Brigou o loiro, parecendo ofendido. "Eu imponho respeito, e respeito mantém todo mundo na linha. Pergunte a qualquer comunidade que nós protegemos quantos ataques de bandidos eles sofrem, quantas hordas eles têm que afastar, quanta gente é assassinada ali dentro. Todos vão te dar a mesma resposta: Quase nada. Zero."
"Vocês levaram uma horda pra dentro de Wiltshire Estates!"
"Errado. A horda já tava lá. A única coisa que a gente fez foi dar um tiro." Corrigiu Chuck. "E se a horda não tivesse ido naquele dia? O que vocês iam fazer? Ficar em cima do muro, jogando sapatos velhos na cabeça dos mortos? Vocês foram à ação quando a horda entrou, não foram?"
"Muita gente inocente morreu."
"Olha em volta, porra. Ninguém é inocente nesse mundo. Você encosta uma arma na testa de um idiota qualquer, atira, e vai dormir do mesmo jeito." Explicou Chuck, raivoso. "Não me é útil matar todo mundo numa comunidade. Quem que vai pagar suprimentos se não tiver ninguém vivo? Isto é uma cooperativa. A gente é só mais persuasivo do que outros grupos."
Ele suspirou.
"Qual é o seu nome, garoto?"
"Carl Grimes."
"Carl Grimes, eu sou Chuck Reid, o Campeão. Muito prazer." Disse ele, ajeitando a jaqueta. "Agora você me conhece. Viu a comunidade que temos aqui. Ainda quer me matar?"
Carl não hesitou.
"Quero. Quero matar você, porque tirou dois dos meus amigos de mim. Dois membros do meu grupo - Praticamente minha família - que eu nunca vou poder recuperar. Perto da coragem do Marcus, você é um monte de lixo. Perto da humanidade da Alaska, você é um inseto. Quero matar você porque acabou com Dreamland, tirou a casa do Dan e extorquiu todo mundo da minha. E quero matar você porque sequestrou Anthony!" A voz de Carl se elevava a cada palavra, a raiva em sua voz palpável.
Chuck gargalhou. Foi o bastante.
Carl se levantou e atirou-se contra o Campeão, mas recebeu um chute no peito. A bota de motoqueiro era poderosa, fazendo Grimes rolar contra a poltrona.
"Não banque o herói, rapaz... Vamos ver seu amigo, e depois vamos conversar com seu líder sobre esse incidente diplomático."
Carl engoliu em seco.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Disease Among Us S8 #6

 Season 8, Episode 6: Bem-vindo ao Estádio

Carl Grimes não se ajoelhou nem pediu perdão. O rapaz ficou firme, mesmo com o medo enchendo o coração, fitando o Campeão com olhos injetados de raiva.
"Nada mal, garoto. Nada mal mesmo." Elogiou o Campeão, caminhando até ele. Carl sentiu a mão enluvada acertar suas costas quando o líder dos Salvadores deu-lhe um tapa camarada nas costas. "Gosto de gente que toma a iniciativa. É assim que vamos sobreviver aos mortos - Tomando a iniciativa."
O Campeão virou-se para os outros Salvadores, apontando para a caçamba com um gesto leve. "Alguém  tire o Frank dali. Se ele ainda estiver vivo, ótimo. Caso contrário, qualquer coisa no corpo dele é de quem achar."
Esse incentivo pareceu impulsionar um trio de Salvadores a começar a limpeza dos restos esmagados de Frank. Carl sinceramente esperava que o cara estivesse morto - Não tinha simpatia pelos assassinos.
Mas o Campeão forçou-o a caminhar. "Ande, rapaz. Queria falar comigo e estou aqui. Vamos entrar enquanto o meu pessoal descarrega o tributo da sua comunidade e a gente pode bater um papo." 

"Como assim, o Carl sumiu?" Perguntou Mellanie, uma das mãos tapando o Sol enquanto ela olhava para cima do muro.
Jock demorou alguns segundos para responder. Colocou o rifle para fora do muro e apertou o gatilho. Um dos errantes que se aproximavam do portão caiu imediatamente, um furo na testa.
"Foi o que eu disse. Jessica foi até lá pra garantir que não o culpava pela morte do Aaron, e nem ele nem o Aiden estavam em casa." Respondeu Jock. Maxuel deu-se por satisfeito com a limpa fora da muralha e deslizou escada abaixo, ficando frente a frente com a ruiva.
Mellanie levou a mão à testa, um suspiro frustrado escapando dos lábios.
"Como que você não sabe disso?" Perguntou o homem, deslizando a escada até outro ponto da muralha.
"Eu sou uma das poucas pessoas aqui com algum conhecimento médico. A enfermaria pegou grande parte do meu tempo." Explicou ela. Puxou um cigarro do bolso e acendeu-o, oferecendo um a Jock. Ele aceitou. "Além disso, o bebê de Alaska..."
"Algum nome?" Interrompeu Jock.
"Sophie." Disse Mellanie.
A dupla tragou a fumaça, próximos ao portão de Wiltshire Estates, apenas permanecendo em silêncio por algum tempo.
"Tudo bem. Valeu, Jock. Talvez Shane saiba de algo."
"Eu não falaria com o Shane, Mel. Ele continua bolado por causa do Anthony."
"Bom, é o Shane ou ninguém. Duvido que Dexter ajude a achar Aiden, mesmo que saiba onde ele está." Ela deu de ombros.
"Você tentou perguntar ao Dan?" Sugeriu Jock. Mellanie pareceu ruminar a proposta.
"É, vou tentar achá-lo."
"Já me achou." Disse o samurai, apoiado contra uma das caminhonetes de suprimentos. A espada estava banhada com sangue fresco enquanto outro dos moradores desligava o motor. "Qual é o problema aqui?"
"Tente adivinhar." Desafiou Jock. O negro levantou uma sobrancelha.
"Salvadores?" Tentou Dan.
Mellanie percebeu que não tinha considerado essa opção.

O posto avançado da ferrovia nada mais era do que uma forma de conectar o Estádio ao leste - E uma forma de dar a Rails algum conforto. Foi isso que Chuck tinha respondido quando Carl exigiu saber onde estava Anthony. Nada mais. Nem explicou quem era Rails.
"Estamos no estádio agora?" Questionou Carl, tendo poucas opções além de seguir o homem, considerando que este ainda carregava Katey.
"Isso mesmo. Eu adoro esse lugar." Comentou o Campeão. "Sabia que uma das minhas maiores conquistas foi bem aqui? Lembro direitinho. 2008, final da DirtRace. Eu era o número 1, claro."
O Campeão constatou que Carl continuava em silêncio.
"Estou tentando elevar seu espírito aqui, garoto. Ser ranzinza não te faz corajoso."
"Você matou dois dos meus melhores amigos e roubou minha casa. Quer a porra de um abraço?"
Reid deu uma gargalhada profunda.
"Você tem espírito, rapaz." Disse, apenas.
Os corredores do estádio tinham o vago cheiro de suor e sangue. Carl ouviu os geradores trabalhando ao longe, por trás das portas de segurança. Viu mulheres e crianças caminhando pelos corredores, conversando com trabalhadores e guardas. Como podiam viver sabendo que seu líder era doido daquele jeito?
O lugar era organizado. Vestiários, banheiros... Ele viu lojinhas e estandes transformados em postos de trabalho, barzinhos, maternidades. Se os Salvadores fossem pacíficos, poderiam criar uma aliança duradoura. Se não fosse a crueldade dos seus membros, Carl adoraria viver no estádio.
"Gostou?" Perguntou Chuck, com um sorriso furtivo. "Temos comida, água, eletricidade, hospitais para os doentes... E você precisa ver o tamanho do campo."
"Estou aqui pra falar com Anthony. Não tô nem aí pro seu campo." Era mentira. Carl queria muito ver o campo.
Chuck sacudiu a cabeça.
"Tudo a seu tempo, cowboy. Ah, chegamos."
O camarim à frente dos dois tinha o nome "CAMPEÃO" rabiscado sobre ele. Chuck abriu a porta com um leve empurrão do bastão. "Entre. A casa é sua. Qual é o seu nome mesmo?"
"Carl." Respondeu o rapaz, desgostoso, enquanto os dois entravam no camarim. Devia ser algum quarto de tortura.
Carl ficou surpreso. A sala não era nada parecida com o dono, que vivia sujo de sangue e mal-barbeado. O camarim de Chuck Reid estava muito bem arrumado, perfumado. Modelos de motos decoravam as paredes. Abaixo delas, fotos de uma família feliz... Uma garotinha sorrindo com o pai quando este levantava um grande troféu. Ele não ousou perguntar.
Ouviu a porta fechar atrás de si e sentiu-se forçado a sentar no sofá de couro em frente à escrivaninha. Chuck sentou do lado oposto, descansando Katey em um apoio de madeira que parecia ter sido feito especialmente para sua arma.
"Bom, Carl..." Começou Chuck. "Vamos trocar uma ideia."

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Disease Among Us S8 #5

Season 8, Episode 5: ...e dia que a gente apanha


Sob a mira de uma arma automática, é difícil negar qualquer coisa a quem quer que seja. Nem por isso Gabe se sentia menos humilhado ao ser rendido por um adolescente.
"Calma, amigo." Disse o Salvador, as mãos erguidas sobre a cabeça. Vic seguiu seu exemplo.
Carl permaneceu no caminhão, dando passos para trás para se afastar da porta. Gabe tinha certeza que o garoto era inexperiente, estava buscando aventura, ia acabar se distraindo.
Estava errado. A mira não saiu dele.
"Não sou seu amigo. Quero falar com o chefão." Repetiu Carl. Com a mira treinada na dupla, não percebeu que um dos outros caminhões parava ao seu lado.

Frank, dirigindo um caminhão de suprimentos e mais do que pronto para traçar a comida que haviam acabado de carregar, pisou no freio violentamente assim que foi o primeiro a perceber, por desviar-se da fila dos outros caminhões a fim de pegar um pouco mais do que sua parte justa dos suprimentos, os dois corpos ainda deixando sangue no chão. Depois, notou Vic e Gabe de mãos erguidas.
"Merda." Xingou Frank. Os óculos escuros saíram do porta-luvas e foram parar em seu rosto. "Cadê?"
As mãos do careca tatearam a marcha do carro até encontrar o que ele buscava. Frank puxou o revólver de baixo do banco e conferiu o tambor - Seis balas.
Com cuidado, Frank abriu a porta e deslizou para fora da escadinha do caminhão. 

Gabe foi o primeiro a perceber a movimentação, enquanto Vic continuava negociando.
"O Campeão está vindo. Fique calmo." Disse a moça.
"Eu vou matar vocês dois em um minuto." Carl cuspiu, a adrenalina e o ódio controlando sua mente. "Se aquele covarde não aparecer aqui em um minuto, eu vou matar vocês como se estivesse matando um pato. Vocês tão me entendendo?"
"Sim, sim, a gente entende." Disse Vic, com desdém. "Fica calmo, garoto. Ele tá vindo."

Frank colou contra a parte externa da caçamba, esgueirando-se lentamente. Precisava salvar o gordo e Vic. Ainda lhe deviam meia garrafa de cerveja cada um.
Além disso, se descobrissem que ele tinha saído da rota e ele não tivesse nenhum álibi, seria expulso. Ou pior. Ele tremeu ao lembrar-se de Dwight.
"Quem pode ser?" Pensou ele. Sua mente correu por cada opção. Alguém ficou maluco? Não, o que estariam fazendo na caçamba? Só podia ter sido alguém de Wiltshire Estates. A ruiva? O policial? O militar?
Não interessa, comentou para si mesmo, vai morrer. Quem quer que seja, vai morrer.
Frank aproximou-se da entrada da caçamba, respirou fundo, e fez a curva, apertando o gatilho. Só teve tempo de ver o vulto se movimentando antes de se jogar no chão.

O coração de Carl batia como um tambor. Ao perceber o movimento no canto do olho, jogou-se atrás das caixas e evitou a bala que estourou no latão da parede.
Gabe usou o momento para puxar a pistola do bolso. Apertou o gatilho duas vezes.
Click. Click.
"Seu burro! Como é que você não carrega uma arma que leva no bolso toda hora?!" Brigou Vic, empurrando-o para longe da rajada que disparou de dentro do caminhão. Carl abriu tiro cego contra os Salvadores, protegido pelas caixas.
Mais cinco tiros de Frank. Um acertou o chapéu. Carl abriu fogo de volta, e a MP5 chiou.
"Não!" Disse o rapaz, notando a falta de munição. Vic e Gabe correram para dentro da base, freneticamente procurando dar o alarme.
Frank, por outro lado, também estava sem balas. Atirou o revólver ao chão e subiu na caçamba, sorrindo.
"Que menino corajoso." Disse o careca. "Acho que vou ter que matá-lo com as próprias mãos."
Carl correu em direção a Frank, acertando-o com uma investida. Os dois tombaram para fora da caçamba, mas o adulto era mais forte. Agarrou a perna de Carl enquanto ele tentava se levantar, fazendo o rapaz tropeçar para baixo da carreta.
Carl tossiu e arrastou-se para mais fundo.
"Volta aqui, seu peste!" Ordenou Frank, movido pela adrenalina. O homem arrastou-se para baixo da caçamba - Ele era bem mais rápido. Carl, encurralado contra a carroceria, tremeu quando o Salvador tocou seu sapato. "Ah! Agora eu te peguei!"
Grimes fechou os olhos, esperando os socos... E bateu a cabeça contra algo duro. Olhou para cima.
O pino da carroceria.
Com forças reativadas, Carl debateu-se, dificultando o movimento de Frank. Ele chutou seu rosto, e o homem tossiu. Com toda a força, o morador de Wiltshire Estates levou as mãos até o pino.
"Tá pensando que vai subir aí, moleque? Você pensa que-"
Mas Carl não estava tentando escalar. Com um puxão, o pino que segurava o caminhão foi removido. Carl imediatamente retraiu as pernas.
"Ah, merda." Murmurou Frank quando percebeu a carreta pesada movimentando-se.
O som do careca sendo esmagado levou calafrios para a espinha de Carl. Ofegante, o rapaz descansou contra o caminhão, o sangue fresco banhando os pés enquanto os dedos de Frank, ainda para fora da caçamba, exibiam os espasmos da morte.
Carl se levantou. Precisava de outra arma. E...
...e ali estava Chuck Reid, sorrindo. Cercado de seus Salvadores.
Levou uma mão ao bolso. Carl não tinha escapatória. Ia tomar um tiro na testa e...
Clap.
A mão do Campeão juntou-se à outra mão.
Clap.
Chuck Reid bateu palmas lentamente, impressionado.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Disease Among Us S8 #4

Season 8, Episode 4: Tem dia que a gente bate...

 

"Agradeço novamente pela generosidade." Disse Chuck, sorrindo enquanto passava outro drinque a Pearce. "É uma linda comunidade que vocês têm aqui."
Aiden não comentou. Apenas estudou Chuck com ódio visível. As mortes de Marcus e Alaska continuavam frescas em sua memória.
O Campeão não pareceu ligar.
"Sabe, gostei tanto do lugar," Continuou ele. "Que vou deixar uns amigos meus aqui, cuidando de vocês. Podem entrar!" Exclamou.
As portas da casa se abriram, e da varanda apresentaram-se Zack e Dwight. Zack utilizava a mesma luva de antes, cobrindo as unhas arrancadas. Dwight abaixou a cabeça ao se aproximar de Chuck.
"Esses dois cavalheiros vão cuidar pra que ninguém acabe se machucando." Disse o Campeão, apoiando as mãos no ombro de cada um. "Eles são meus embaixadores, então tenha certeza de que ninguém vai machucá-los."
Aiden olhou para os dois. Não eram do tipo lutador.
"Eu mesmo vou arrebentar os dois."
"Acho melhor não. Se eu escutar um único "Ai" vindo deles, trituro seu pessoal na hora. Estamos entendidos?" Ameaçou Chuck. Aiden observou-o por mais algum tempo antes de assentir.
"Ótimo! Então a gente vai embora. Rapazes, achem algum lugar confortável e aproveitem a hospitalidade do Sr. Pearce." Levantou-se, agarrou Katey, e foi embora.
Dwight e Zack trocaram olhares, um sorriso perverso surgindo em seus lábios quando olharam novamente para Aiden.
"Nós temos algumas exigências."

Com a orelha colada ao chão metálico, Carl ouviu e sentiu a vibração do veículo quando o caminhão começou a andar. Era tarde para sair agora.
Segurou com força a MP5 apoiada no canto da carroceria. Apoiou-se contra a divisória, mas não conseguiu ouvir nada que fizesse sentido.
Era hora de falar com Anthony.

Os caminhões dos Salvadores cruzaram a estrada sem interrupções. As patrulhas faziam um bom trabalho em manter as ruas limpas.
Chuck Reid adorava sentir o vento e o cheiro da gasolina. O motocross tinha sido sua paixão... Sua vida antes da filha. Antes dos mortos.
"Vejam isso, rapazes!" Anunciou aos seus cupinchas, empinando a moto com maestria. O cabelo loiro e sujo voando com o vento, Reid abriu os braços como uma cruz, controlando a moto usando as pernas. Aplausos e assobios surgiram de todos os cantos.
Chuck se exibiu com orgulho, fazendo manobras com facilidade. Os motoqueiros ao lado tentaram imitá-lo, mas o medo os parava no meio das manobras.
Ele estava feliz. Mas... No fundo, talvez alguma coisa o fizesse se arrepender das ações até aqui. Gostava do poder e da liberdade, de fazer a diferença para seus homens, mas...
Balançou a cabeça e fez outro drift. Ele era o rei. O Campeão. E no mundo de hoje, isso é tudo que importa.

O portão se abriu e Vic observou em silêncio enquanto os suprimentos eram descarregados. Deus, quanta coisa tinham... "Adquirido".
Sentiu um peso no ombro. Virou-se para encontrar os olhos de Gabe.
"Podemos conversar?" Perguntou o homem. Vic assentiu e seguiu-o até a garagem.
"Sei que está se sentindo mal." Disse Gabe, coçando a nuca. "Mas você fez o que tinha que fazer. Aquele moleque morreu, mas não foi culpa sua."
Vic não respondeu. Gabe continuou falando.
"O que estou tentando dizer..." Disse ele. "É que não pode ficar se colocando pra baixo desse jeito. Precisamos de você pra fazer a diferença."
"Você não tem coração?" Rugiu Vic. "Dei um tiro na testa de uma criança. Matei uma criança, seu gordo estúpido! É claro que vou me sentir mal! Pro resto da vida!"
Gabe gaguejou.
"Eu... Me desculpe, Vic. Eu só queria-"
Uma rajada. Os dois viraram-se na direção dos caminhões.
Dois homens caídos, mortos. De pé, segurando uma MP5 na carroceria de um dos caminhões, estava Carl.
"Quero falar com o chefão." Exigiu o adolescente.

sábado, 11 de abril de 2020

Disease Among Us S8 #3

Season 8, Episode 3: Chaves do reino

Shane sentou-se na varanda e observou enquanto os Salvadores tiravam móveis, comida e água de Wiltshire Estates. Apertou a arma na mão. Podia atirar. Podia matar vários. Mas isso poria todos em risco.
Guardou a Glock no coldre e continuou a observá-los.
Isso não ia continuar pra sempre. Sabia que não. Mas quem se levantaria primeiro?

Carl.

Aiden e Chuck continuaram a passear por Wiltshire Estates. Chuck elogiava a comunidade, o trabalho que tinham feito, mas Pearce continuava calado. Finalmente, chegaram ás cozinhas.
"Você não vai falar nada?" Perguntou Chuck.
"Vá se foder."
Silêncio. Chuck pareceu cheio de ódio. Segurou Katey com força, aproximou-se de Aiden.
"E se ao invés disso..." Ele começou. "Eu..."
Aiden ia cobrir o rosto quando Chuck deu-lhe um empurrãozinho.
"Lhe pagar um drinque?" Sorriu Reid. Aiden o observou com um olhar gélido, mas seguiu o homem.

Carl.

Rails tinha feito o café. Parecia ótimo, mas Anthony tinha outras coisas em mente.
"Não gostou da panqueca?" Perguntou o velho, um sorriso triste nos lábios.
"Não, está deliciosa." Comentou o adolescente, e forçou-se a colocar um punhado de massa na boca. "Não é a comida que me preocupa."
"Pode falar comigo, você sabe."
"Sim, sim, obrigado, Rails."
Comeram em silêncio. Desde que Anthony tinha passado a viver entre os Salvadores, desde que tinha visto os atos brutais do grupo, tinha se tornado muito mais próximo de Rails do que de Nicolas. Os irmãos tinham se afastado muito desde a morte de Marcus e Alaska, na clareira, embora Nicolas fizesse de tudo para reaproximar-se de Anthony.
"Queria perguntar uma coisa." Disse Clark, quebrando o silêncio. Rails ergueu os olhos da xícara de café fraco e velho.
"Vá em frente."
"O que você faria... Se alguém te decepcionasse? Tipo, muito?"
Rails pensou. Pensou por 30 segundos, então bebeu mais café.
"Não acredito que ficaria decepcionado com alguém." Disse o idoso. "As coisas são... Bom, as coisas mudaram, entende? Não vale a pena se reter a algo tão emocional quanto a decepção. As pessoas se adaptam... E ás vezes, fazemos coisas que podem ser... Digamos, moralmente erradas. Moral é uma concepção pessoal. E tudo isso tem um objetivo."
"Salvar-se?" Perguntou Anthony.
Rails sacudiu a cabeça.
"Você é um garoto, e tem muito pra viver. Mas um dia você vai aprender que, quando você ama alguém, a sua vida é sempre a segunda prioridade. Você para de se perguntar 'O que tem do outro lado? O que acontece depois que a pessoa morre? O que vai acontecer comigo?' e começa a se perguntar 'O que vai acontecer com as pessoas que eu amo? O que eu fiz para protegê-las? Elas vão ficar bem sem mim se eu me for?'. Se ficar se decepcionando com as pessoas... Bom, você vai perder o propósito da sua vida."
Anthony assentiu.
"Obrigado, Rails."
"Nada para a ferrovia, Anthony... Nada."

Carl.
Você precisa acordar.

Carl despertou e sentiu-se suado. Olhou para as cobertas. Estavam banhadas de suor.
Ele tomou um banho, se vestiu, e saiu do quarto. Tinha pesadelos. Com Marcus e Alaska. Os dois voltando, pedindo que ele se levantasse, que os salvasse, e então Aiden chegava e o mandava ficar parado, se proteger, e... E o bebê que saía de Alaska não era um bebê, era um monstro que...
Era um monstro que a matava.
Com roupas limpas, desceu. Os Salvadores ainda estavam ali? Devia ter tirado uma soneca curta. Tomou uma decisão.
Precisava de Anthony. Ele o ouviria. E, juntos, eles conseguiriam pensar em algo.
Carl Grimes esgueirou-se pelos Salvadores e entrou no caminhão de suprimentos, imitando Anthony. Sorriu quando um Salvador fechou a porta e ouviu o motor ligar...

sábado, 4 de abril de 2020

Disease Among Us S8 #2

Season 8, Episode 2: Caras sábios

Os próximos dias depois da morte de Alaska e Marcus foram marcados pela incerteza. Pete estava morto, mas o grupo estava salvo. As pessoas de Wiltshire ficaram agradecidas pela ajuda em repelir a horda, e muitos não culpavam Aiden e companhia.
Mas os Salvadores eram uma ameaça real.
Nos primeiros dias, todos esperaram. Esperaram Aiden entrar na sala subitamente, dizer que tinha um plano. Como sempre teve.
Mas ele nunca apareceu.
Shane estava pior ainda. Separado do seu único vínculo com o passado - Anthony - o policial tinha começado a planejar fugas de Wiltshire Estates. Tentar achar Clark.
Mellanie teve dias ocupados pela frente, alternando entre as crises de pânico ao se lembrar da morte de Alaska e os cuidados pelo bebê. Carl e Jock tinham contribuído, e muito, para manter a pequena saudável.
Mas ela tinha que continuar. Pela amiga.
As plantações e cozinhas de Wiltshire trabalharam como loucas. Não sabiam o quanto os Salvadores pediriam, mas ninguém ia se arriscar. No fim de semana, quando o primeiro caminhão estacionou na frente do portão, haviam dezenas de sacos de grãos para serem carregados.
Chuck Reid desceu de um dos carros na fileira. O grupo todo engoliu em seco. No banco de trás, Nicolas ajudou Vic a descer do carro.
Nicolas não estava com uma cara muito boa.
Tinha apanhado severamente, e o ferimento na cabeça tinha sido coberto com uma bandagem velha. Haviam algumas cicatrizes no pescoço, e ele certamente estava fazendo esforço para sorrir. Dwight saiu em seguida, parecendo menos espancado do que o normal.
"Querida, cheguei!" Gritou Reid, sorrindo. A jaqueta de corrida surrada estava melada de sangue, e ele logo notou isso. "Não liguem. Só um errante. Agora vamos, quero ver por dentro."
Relutantemente, Aiden conduziu Chuck e seu pequeno grupo de oficiais por Wiltshire Estates. Os olhos do Campeão brilhavam enquanto ele observava as comodidades do condomínio.
"Rapazes, tudo aqui é nosso. Sintam-se á vontade."
Antes que Pearce pudesse reclamar, uma onda de salvadores sorriu e correu para as casas, restaurantes e plantações. Batiam nas bundas das mulheres, bebiam água aos montes, corriam para os banheiros e tomavam banho. Viu dois homens adultos rindo como bebês e chorando de felicidade ao se barbearem em frente ao espelho da casa de Shane.
"Sabe, você é um bom líder." Sorriu Chuck, cutucando Aiden com o bastão, Katey. "EU não teria montado tudo isso. Acho que nossa amizade vai ser duradoura."
"Não preciso da sua amizade."
"Oh, acredite, precisa sim. Já pensou se algum malvadão ou algum espertinho aparece por aqui? Quem vai proteger vocês, além de nós?"
"Poxa, muito obrigado, Chuck Reid, cinco vezes campeão de motocross. Você inspira confiança."
Chuck sorriu.
"Você gosta do esporte?"
"Não. Mas desprezo você em particular."
O rosto de Reid se fechou. Ele aproximou-se de Aiden, que manteve-se sério. Ele não tinha nada a perder agora.
Mas Chuck apenas riu e deu um empurrãozinho em Pearce.
"Cara, você é DURÃO! Gosto disso." Comentou ele. "Você passa o semblante honesto que quero que todos os meus caras sábios tenham."
E Chuck se virou para um grupo que tirava um sofá de dentro de uma casa.
"Ei, cuidado com isso daí." Virou-se para Aiden e sorriu. "Afinal, agora é nosso também."